quinta-feira, 17 de setembro de 2009



Depois de te respirar em cada pausa



E te sentir em cada vento


E te encontrar em cada fuga.


Depois de te ouvir em noites surdas,


De te pedir em preces mudas,


De te inventar em sonhos lúdicos.


Depois de te matar serialmente


E te enterrar em meu cansaço,


Ver-te crescer em meu jardim.


Depois de espirrar tuas lembranças,


De adoecer em tuas feições,


De me curar entre teus lábios.


Depois de te abrigar em meus poréns,


De te esconder em minhas vírgulas,


De te espalhar em reticência.


Depois de te camuflar em minha rotina,


E te guardar em meus anseios,


Desenhar-te em meu futuro.


Depois de te julgar em minhas dores


E te condenar perpetuamente


E te prender em minha história.


Depois de te chamar em cada grito,


De enganar os meus sentidos,


De abrir mão dos meus caprichos.


Depois de uma década (ou mais)


Sem te saber ou te olhar e, todavia,


Conhecer-te ainda além.


E já depois de te amar tanto (tanto, tanto),


Cá estamos - tu e eu -


A dois passos de nos atirarmos


No mesmo abismo de nós dois."

Nenhum comentário:

Postar um comentário